Um (estranho) conto de 2005:
Max
Fiquei sentado lá durante horas, lendo e relendo, interpretando cada enigma dos jornais. Sentia uma dor terrível nas ancas, o suor em minha calça de linho parecia corroer pedaços de minha perna. Depois de dias varando o tempo com os olhos esbugalhados, decidi tomar as rédeas de meu pensamento: dirigir-me-ia até a máquina de escrever, pegaria aquele pedaço de papel e bateria nas teclas até que me faça entender!
Suporto muito mal a vida, nauseia-me o cheiro dessa cidade, as cores dos móveis, mas nada tão insuportável como os artigos semânticos desses jornais.
Sem sair da cadeira, estico-me até a máquina de escrever e a arrasto até mim, estico-me até o papel e o arrasto até mim. Preparo tudo: máquina, papel, dedos e olhos. Certo. Vamos à guerra...